24 de janeiro de 2010

Jogando por pizza

A última vez que li um livro que tratasse sobre um tema esportivo foi há anos. Não lembro exatamente quando. Tenho em casa alguns bem interessantes, como O império do contrataque e afins. Esse eu li quando tinha uns 11 anos. Tenho também a história do futebol gaúcho até os anos 90, cujo qual li também em tenra idade. Resolvi, como anunciei há dias, ler Jogando por pizza, do John Grisham.
Primeiro, uma pausa: ao ver a quantidade de páginas, resolvi que leria, primeiramente, O abismo, uma obra infanto-juvenil. Um grupo que passeava em Bonito (MS) e acabou se envolvendo num grave acidente. A obra, porém, acabou não me atraindo muito - não no momento, ao menos. Deixei-a de lado, após umas quarenta páginas lidas e resolvi encarar o Grisham. Meu preconceito contra bestsellers não é tão pequeno, mas ainda assim resolvi investir. Lucro certo.
Também o futebol americano não é minha praia. Choques constantes, excessos de brutalidade. A obra, contudo, coloca um outro lado da questão: um jogador brutalmente agredido que acorda num hospital, após ter perdido o Super Bowl. Não foi uma derrotada singela: seu time perdeu por sua causa, graças a três lançamentos interceptados que resultaram em touchdowns. Escurraçado, foi mandado para a Itália, onde nem havia o tal esporte profissionalizado. Em todo caso, foi um encontro de retomada de vida: a convivência com os italianos não tinha a frieza americana, muito menos faziam as coisas por dinheiro: tudo era movido a paixão. Comida, companhia, conversa, o time do Parma Panthers. Rick, o protagonista, pensa se meter numa grande enrascada no início, mas acaba por gostar da localidade e apreciar tudo que lá havia. Ajuda na campanha do time, que nunca chegara à final do Super Bowl italiano, e vencem o campeonato.
Um livro de enredo bem simples, mas que destaca muitas coisas que pouco observamos nesses milhonários jogadores que habitam nossa cultura. Quem está por trás de um Nilmar, um Victor, um Ronaldinho ou um Messi? Que tipo de vida levam e a que ponto chegam? E aqueles de quem nunca ouvimos falar? Quem foi Flaviano, agora um destaque do Esportivo de Bento, e quem era agora? Não por mera curiosidade, mas por uma questão bem mais profunda: seres que saíram das profundezas da sociedade para o ápice financeiro que muitas vezes nem sonharam em ter. Outros que da mesma origem fizeram sua vida, avançando muito pouco para o lado glamouroso e conquistando suas coisas à medida de muito trabalho. Quem são e o que somos pertante eles?
Lendo um pouquinho de Jogando por pizza acabremos descobrindo. E poderemos perceber um pouco mais, um pouco daqueles nossos sonhos juvenis de nos tornarmos atletas tal qual eles. Será que teríamos uma vida realmente boa dessa forma? Só jogando por uma boa pizza chegaremos às conclusões.

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