7 de janeiro de 2010

Faces ocultas da literatura

Após, o Gênesis, minha leitura é O sorriso da sociedade, de Anna Lee. Comecei ontem à noite, mas o sono não permitiu que me delongasse por muito tempo. Pelo Início, percebe-se uma obra que não se aproxima tanto das narrativas ficcionais que tenho lido, mas faz com que pensemos um pouco sobre a face oculta da Literatura.
O enredo se faz sobre o assassinato do poeta Annibal Teophilo, executado pelo crítica literário Gilberto Braga. A princípio, se faz uma longa análise sobre a vida de Braga, o qual, com muitas dificuldades, deixou uma família de ideias políticas para seguir o que realmente gostaria. Apesar disso, seus impulsos foram sempre dotados de muito interesse: a conquista de pessoas para entrar no Diário de Pernambuco; as visitas frequentes a Pinheiro Machado que o levaram à política. Não cheguei aos esclarecimentos da morte do poeta, mas a narrativa firma diversos pensamentos sobre a política que envolvia os escritos nas primeiras duas décadas do século passado.
Um caso interessante de vermos é sobre a escolha dos escritores para a Academia Brasileira de Letras. Num dos casos, Domingos Olímpio, escritor em ascensão, é preterido por Mário de Alencar, filho do famoso José. Explica-se que o escolhido era apadrinhado por Machado de Assis e pelo Barão de Rio Branco. Mesmo tendo pífia produção, adentrou a ABL. Naturalmente que isso nos remete a alguns frequentadores contemporâneos, como José Sarney e Paulo Coelho. Sarney mal tinha obras lidas pelo público quando fora escolhido; pela ascensão da Academia, elegeram Coelho também. Sarney sempre teve muita influência no nordeste, ovacionado no Maranhão, eleito pelo Amapá, mas sempre muito criticado no centro-sul do país. Esse elemento fazer parte da ABL evidencia o nome da instituição, pois, por menos elogios que o político receba, ergue o nome da instituição quando o aproxima a ideia de escritor. Paulo Coelho tem inúmeras obras vendidas, lido pela ala popular, diversas traduções: seria um ser perfeito para levantar a ABL. Apesar de seu texto simples e de estrutura não muito complexa, faz parte dos grandes artistas brasileiros. Vai se saber, né.
O que interessa é que a instituição é voltada para fins políticos praticamente desde o dia de sua fundação. A história comprova isso. Cabe lembrar que O sorriso da sociedade é um romance-reportagem, não uma mera narrativa de ficção. Enquanto refletimos, a politicagem domina pontos que deveriam ser restritos à arte, mas, que por essa ser desvalorizada no contexto atual, acaba se rendendo ao poder.

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