Que os autores da literatura brasileira eram - ou são - meio problemáticos, todo mundo sabe: bêbados, depressivos, malucos, epiléticos, machistas, traídos etc. Depois de O sorriso da sociedade, até a cogitação de que filho bastardo havia perdido por aí fora levantada.
Nos estudos literários, muitas vezes temos de evitar o biografismo - por mais que a psicolinguística insista que toda a nossa escrita tem um pouco de nós -, mas com a investida de certos eventos históricos fica difícil não levantarmos algumas aproximações. No capítulo Lições de Anatomia, ao explicar a predileção de Machado de Assis por Mário de Alencar, joga-se um fato curioso: este seria filho daquele. Machado teria um caso com a esposa de José de Alencar, o qual registrou o filho para evitar a falação na sociedade. Imagine só: caso isso tenha ocorrido, não teria sido Dom Casmurro uma obra com ingredientes definitivamente particulares? O poema À Carolina não teria sido uma retratação com a esposa, levando em conta que ela poderia saber de tudo ou é a sua mea culpa pelo ocorrido?
Tudo bem que esse blog não é uma coluna do Nelson Rubens, mas é de importante reflexão para o meio literário. Afinal, sabndo disso, quem sabe finalmente saberemos o final da maior obra machadiana? Natural que isso não fará a obra perder em qualidade estética ou representação cotidiana, mas é de se pensar um pouco: aqueles que achavam que Capitu não havia traído Bentinho podem notar o contrário; Escobar poderia ser um alter ego de Machado, tendo em Capitu a esposa de Alencar e o mesmo como Bentinho. Nossa, que caos...
Vale a pena pensar. Já imaginou se isso fosse verdade? A maior obra da literatura do Brasil teria um fundo bem mais íntimo do que se pensa: a traição entre os, talvez, dois maiores representantes de nossa literatura em todos os tempos.
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