18 de janeiro de 2010

Da longevidade

Como estou no litoral e torrando grana numa lan house, não tardarei com o post. Li ontem o Memórias de minhas putas tristes e fiquei refletindo um pouco sobre as questões da longevidade.
O narrador-personagem, sempre chamado de sábio por todos com quem conversa, é um homem solitário que quis se dar um pequeno presente de 90 anos: transar com uma virgem. Passou a vida inteira em puteiros, prostíbulos e derivados, não casou e não teve filhos, sempre escrevendo para um jornal local. Vivia de uma palpérrima aposentadoria, da qual destinava alguns tostões para sustentar uma empregada - que sempre fora apaixonada por ele - e para suas contas. Reservou grana e foi atrás de uma mulher.
O resto do enredo pode ser lido por vocês posteriormente. É um livro muito interessante, apesar de um pouco morno. Para quem gosta de Gabriel García Márquez, que faça a leitura! Há aspectos muito úteis a serem observados: o homem de 90 anos não age como julgamos alguém com tal idade: é ativo, trabalha, sonha e se apaixona. Dá-se conta da idade apenas mais tarde, quando sente dores que não curam simplesmente. Apesar disso, não deixa de realizar suas atividades, dentre as quais cuidar de um gato, que ganhara de aniversário. A vida parecia ir se renovando em seu fim, para que não se cumprisse o simples ciclo de rotação da vida. Inconfidência: o homem não morre no fim. Nem começando o enredo no fim da vida há esse fim.
Os idosos que buscam ativar a vida devem ser valorizados. Lembro de uma reportagem veiculada no RBS Esporte há uns meses: um senhor de 90 anos - se não me engano - que pratica tênis todos os dias. Físico de dar inveja a homens de 50. Magro, forte, exemplo de quem vai contra a maré do tempo. E isso deveria servir de exemplo a todos que querem, senão uma vida longínqua, uma morte tranquila.
Saibamos que aproveitar a vida não se restringe a se esbodegar por aí, encher a cara, rir de piadas esdrúxulas e deboches constantes para com todos: reina sobre isso a ideia de que há felicidade em todas as ações. Se para um jogar tênis é um motivo existencial e para outro é ir ao prostíbulo, sustenta-se que em tudo podemos encontrar motivos para seguirmos lutando. E vencermos nossas limitações.

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