Há alguns dias, li essa notícia:
"O presidente da Venezuela Hugo Chávez disse nesta semana durante o programa “Alo Presidente” - pronunciamento oficial do governo - que o videogame PlayStation, da Sony, é um veneno para as crianças. Segundo ele, os games ensinam a matar servem de entrada para o mundo do capitalismo.
Também foram alvo de críticas as características e rostos de bonecas como a Barbie. Chávez exortou os fabricantes locais a produzirem brinquedos educativos e bonecos semelhantes ao povo venezuelano.
Segundo o site “Sony Insider“, o trato do presidente à marca Sony “machuca” a empresa. A expectativa agora é para ver o impacto que as declarações terão na região sobre as vendas de produtos da linha PlayStation." (Postado por André Crespani, às 13:55, no blog Infoesfera, do ClicRBS.)
Talvez você lembre que, no início do blog, postei sobre a relação entre literatura e videogame, a fim de identificar suas virtudes para o ensino escolar. As técnicas narrativas trazidas pelos jogos podem - e devem - influir na construção mental de um enredo na mente de cada jogador, fazendo com que individualmente inúmeras histórias sejam criadas - que é basicamente o mesmo efeito gerado por um livro, ao recriarmos em nossa cabeça a história que lemos. Óbvio que há diferenças gritantes, levando em consideração que o imaginário gerado pelo jogo virtual alcança menos possibilidades que o livro traz, mas já é um começo para gerar bons efeitos.
Eis que nosso glorioso vizinho Hugo Chavez resolve falar sobre a "entrada no capitalismo" que o PlayStation gera. O mais curioso é que trata exclusivamente desse console, deixando de lado o Nintendo DS, o Game Boy, o Xbox, o Wii... Talvez porque o apelo popular na Venezuela para com os concorrentes não seja tão grande, mas esses também gerariam a tal promoção do capitalismo. De qualquer forma, creio que a argumentação de Chavez, caso se embase apenas na questão capitalista, é muito fraca. A tentativa de isolar os venezuelanos da - antiga e talvez mal feita - ordem capitalista é o mesmo que dar um tiro no pé, pois o próprio país ainda segue tais preceitos quando compra armamentos militares de outros países para se proteger de uma suposta invasão ianque. Aposto, inclusive, que ele não distribuiu as armas entre os populares e nem deve ter aludido à possibilidade de os mesmos usarem nessa tal possível invasão. Vai se entender...
Concordo que há jogos que não acrescentam muito em questões morais e éticas, como os GTAs ou o Bully - que também curiosamente são da mesma fabricante -, já que deturpam a sociedade - a qual é feita sobre leis antigas, sabemos, mas que auxiliam no bem estar comum. No entanto, desde a mais tenra idade, o indivíduo está presente no meio social e aprendendo em todos os âmbitos - em casa, na escola, na rua, na televisão, no videogame, no esporte -, criando uma consciência social que, em ampla maioria dos casos, não gera seres apenas corruptores, mas dialógicos sobre sua existência.
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