3 de janeiro de 2010

Gênesis

Fui ontem à Livraria Saraiva. No dia do amigo secreto dos professores, ganhei um vale-presente de lá. Queria um DVD de show, alguma banda de metal que me fizesse vibrar, mas não encontrei nenhum. Como, desde ontem, estou sedento por leituras, resolvi comprar Gênesis, de Bernard Beckett. É o segundo Bernard que lerei durante as férias - e espero que esse seja tão bom quanto o outro.
Confesso que comprei o livro, primeiramente, porque cabia no valor do vale. Lendo a contracapa, comecei a achar realmente interessante: uma nova sociedade na Terra, após uma devastação, isolamento absoluto dos habitantes, até que um soldado descobre vida debaixo da água. Após, li a orelha do livro e as falas sobre o autor: "atuou como pesquisador da Royal Society na área de mutações de DNA". Assim, comecei a recuperar algumas ideias de que já vira antigamente.
Talvez vocês já tenham assistidos filmes como A ilha, com a Scarlet Johanson e o Ewan McGregor, ou o Gattaca, com Ethan Hawke, Uma Thurman e Jude Law. Expriências feitas com seres humanos, mudanças genéticas que provocam outros seres dentro de si. Sempre gostei de ficção científica, mas geralmente essas histórias têm uma distância da realidade que as tornam inverossímeis. Há, porém, relatos que indicam que não: toda ficção é embasada numa realidade, vivida ou não, por quem cria; essa realidade não precisa ser vista, basta imaginada; logo, qualquer pensamento nosso passa a ser possível de existir - claro, levando em consideração as condições do homem e da sociedade dentro de determinado período.
É constante o seguinte pensamento: o homem sempre busca algo melhor do que já é. Há uma tentativa comum de destruí-lo e trazê-lo de volta diferenciado: Deus já tentara isso com a arca de Noé; na mitologia nórdica, os deuses - semelhantes aos homens pelas aparências e pelas atitudes, tal como a mitologia grega, romana ou germânica - realizam seu crepúsculo (Ragnarökr), sua destruição, devido aos maus que já eram. Na literatura medieval também o há: na Canção dos Nibelungos, há a destruição de Worms, graças à vingança de Kriemhild. No Romantismo, a autodestruição era motivo de nova vida, bastando lembrar dos poemas de Lord Byron, Alfred de Musset, Álvares de Azevedo ou Fagundes Varela. Na atualidade, nem se fala: heróis degradados que buscam solução dos problemas através da morte, mas já sem a ressureição, tendo em vista que não creem mais no mundo a que vieram. A mais, lembrem de Wall-E: o enredo parece ser o mesmo de Gênesis.
Agora, sentarei e lerei. Tomara que seja um bom texto para reflexão. Caso contrário, eu mesmo promoverei o gênesis com as próprias mãos... Ou não: o melhor será colocá-lo de lado e buscar outra leitura. Ainda assim, tenho fé que meu dedo clínico tenha encontrado um bom texto.

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