Todos nós somos movidos por diversas ações que completam nossa personalidade. Um medo de altura pode ser resultado de um complexo mal resolvido na infância, assim como a dificuldade em manter relações humanas pode se vincular ao tipo de educação que se tem em casa, assim por diante. Não que esses aspectos sejam únicos para gerar essas possibilidades, mas comprendem boa parte do que se faz.
Ninguém pode ser uma pessoa tranquila e serena se algo em sua vida o fez de uma forma. Imagine uma moça que se torna perita em natação, torna-se salva-vidas. O que a levaria a tal fato? Apenas a boa vontade em ajudar os demais? E essa boa vontade não seria determinada por algo que já lhe ocorrera? Sabe-se, porém, que o pai caíra de cabeça numa piscina, ficando tetraplégico. Os laços começam a se enredar a partir disso.
Não depois do que aconteceu é uma obra assim. Destaca fatores que geram determinados tipos humanos. Anos preso numa cadeia, sem que haja isso dito, e quem seria aquela pessoa que estaria livre novamente? O mesmo? Assim como nunca é o mesmo rio que passa por um certo ponto, não seria a mesma pessoa que sairia da prisão. E as discussões se mantêm assim, em preâmbulos psicológicos dotados de vivicidade, elencando qualidades e defeitos desses seres determinados pelas suas circunstâncias.
Eu já gostei de Michel Laub quando o li pela primeira vez, um livro ótimo, chamado Longe da água. Fiquei fixo na história, no triângulo amoroso que envolvia o narrador, seu melhor amigo e a namorada do amigo. Nessa obra que recém li, a primeira do autor, percebi que seu estilo é praticamente o mesmo, migrando do conto para a novela, mas cheio de realizações.
Na linha de pensar sobre o que a obra transmite, elocubrei algumas ideias meio distantes. Busquei explicações para certos presos, para ações criminais que desvirtuam qualquer cidadão, para uma pessoa da forma como ela é, entre outros. Só não podemos cair apenas nas determinações, enquanto o contexto colabora - e muito - para se chegar a quem somos.
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