21 de abril de 2010

E as desculpas?

De um lado, as emoções partidas; do outro, a inoperância de certas palavras. Onde ficam as desculpas? No ato de quem fala mal? Certamente. E no lado de quem não vê ou não consegue enxergar a situação alheia? Também ficaria. Da dicotomia das desculpas afloram inúmeras situações de desconforto.
Eu me desculpo por tudo que teria feito. Muitas vezes não é o suficiente, pois a situação indica maior penúria  do que leveza. Prefere-se o seu lado a contentar ambas partes. Sou parte disso. Somos todos partes disso. Revela-se a questão a quem a aplica: ser ou não ser objeto da desculpa? Ignorar ou ser ignorado? Hamlet já destacara essa situação no longínquo século XVI. Enquanto isso, vamos relembrando, novamente, que "há mais mistérios entre o céu e a Terra do que nossa vã filosofia é capaz de atingir..."
Eu admito meus erros. Quero que sejam desconsiderados, sim, mas com justiça. Não se faça deles uma forma de amargura, de destruição. Quero-os puros, inteiros, mas vívidos. As desculpas não bastam, sabemos, quando as ações são piores do que a cura. A cura, no entanto, também está em nós: aceitarmos a falha do próximo e revermos posicionamentos ainda transtornantes. Vitimei eventos em nome do erro. Estraguei caminhos em nome do vento. Saí do percurso em busca do acerto. Nenhum caminho seria diferente? Poderia sê-lo, por vezes deveria. O que ficou, em verdade, sempre foi o estado verdadeiro da situação.
As desculpas pendem de lado. De qualquer forma, meu lado estará sempre permeado pelas mesmas. De quebra, as situações nos embebedam de recordações fulcrais e fatigantes, que nos embalam num ritmo frenético, intenso e, ainda assim, misterioso. Afinal, só as desculpas podem sanar aquilo que mal fazemos. Ao chegar ao interlocutor, resolveremos a dúvida. Através de palavras. Através da ação e da reação.

2 comentários:

  1. Mas sempre falta a ação! Infelizmente, as pessoas acham que um simples 'desculpa' resolve os problemas. A questão é: como se faz quando sempre pedimos desculpas, mas continuamos a repetir os erros? Será que REALMENTE estamos arrependidos?

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  2. O grande problema é que desculpas são apenas palavras...ocas, por vezes....e que quase sempre não servem como 'borrachas' para apagar o que se fez de errado. Pergunto-me atada a tua questão...o que fazer então?!

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