21 de maio de 2010

Ando meio desligado...

[...] Eu nem sinto meus pés no chão...
Ando bem relapso com esse blog. Há mais de uma semana não posto nada. Não fossem as inúmeras atividades escolares somadas às profissionais, me daria (sem mesóclise, quero descanso!) maior liberdade pra isso. De qualquer forma, espero que nas próximas semanas volte a postar com maior afinco, voltando a uma postagem por dia. Nem os poemas tive como continuar, tal é a necessidade de rever várias coisas!
De qualquer maneira, peço aos meus estimados leitores que aguardem novas manifestações adiante.

13 de maio de 2010

Discussões acadêmicas

Durante minha última aula na UFRGS, alguns colegas levantaram questões interessantes sobre o objetivo de realizar um pós-graduação em nossa área. O que mais me admirou, no entanto, foi a fala específica de um colega que, perguntado sobre o motivo de realizar tal curso, concluiu que não sabia. Seríamos nós, pós-graduandos, formadores de um seleto grupo no país, meros promotores da profundidade de conhecimentos que são pífios ao próximo?
Lembrei de meus alunos. Geralmente, no primeiro ano, perguntam-me por que motivos estudam Literatura. Respondo de forma simples: aprofunda a consciência sobre todas as coisas. Normalmente pedem para que eu aprofunde, tendo em vista que eles acham que a Filosofia e a Sociologia fazem o mesmo. Aí eu os faço lembrar: quando lê um texto de Sociologia, por exemplo, a aplicabilidade de um conteúdo é objetiva; sendo assim, é observável o que se trata. Já a Literatura não necessariamente torna palpável aquilo que se vê nos livros. Afinal, qual a prática que há numa obra poética que trate sobre um assunto sobre o qual eu não entendo? Não se entende num determinado momento, contudo após a leitura aprofundada, que exigirá não apenas a compreensão, mas a interpretação, fará com que o elemento chegue a novos conhecimentos. Com isso, a Literatura se torna importante pelas relações sinápticas que ela promove, criando um âmbito de relações maior entre todas as coisas que nos circulam. Faz com que observemos a realidade através de novas óticas, lançando maior números de hipóteses pra justificar nossas atitudes e, por conseguinte, avaliar a do próximo para que com essa aprendamos.
Quando o colega tratou sobre não saber os porquês de o levarem ao pós, especificou a questão do reconhecimento. Realmente, não o temos. Aliás, temos muito pouco. Boa parte do povo ainda pensa que leitura é mero entretenimento. Muita gente acha que sabe Língua Portuguesa pelo simples fato de falar ou por ter uma gramática ao seu lado. Isso, infelizmente, nos desqualifica, pois nossos argumentos se perdem no senso comum. Se é alguém de área médica com uma novidade, de uma área judiciária com um nova lei ou de um novo cálculo matemático geralmente é mais bem aceito: é palpável. É observável. Quando se promove o pensamento, o povo geralmente falha, já que não é ensino a isso. Se estuda. O tecnicismo da educação brasileira desvia da reflexão seus atuais objetivos. Assim, fica difícil que alguém nos escute.
Está confirmada minha estreia na FAPA, em Outubro. Já lancei até o resumo para a coordenação. Colhi material e farei duas apresentações de PowerPoint para ilustrar tudo. E pra que isso? Por que eu não acredito na minha formação? Não, muito pelo contrário: é desse fruto que aparecem as oportunidades de crescimento. É desse estudo que avançamos e mostramos ao próximo o que somos e o que podem ser. Brota do aprofundamento dos estudos essa explicação sobre a importância da Literatura. É disso que vem o lado entusiasta, aquele que quer mostrar o diferente para os demais e identificar que podemos seguir buscando o desenvolvimento intelectual de todos. Meu objetivo é esse: quero que o próximo cresca. Se eu conseguir auxiliar, melhor ainda. Pra isso preciso de formação, algo que sustente meus pontos de vista. Vale a pena fazer a pós-graduação.

9 de maio de 2010

Do (futuro) doutorado

Na sexta-feira passada, minha Tia Eni, como de costume, me deu um dinheirinho como presente de aniversário. Ela me dissera pra gastar com o que eu quisesse, da mesma forma doce que me dizia quando era pequeno, ao pegar um brinquedo ou um jogo de videogame e ela dizer pra que eu aproveitasse bem. Assim foi feito: fui à Saraiva do Praia de Belas. Leitor, deves pensar que sou um fanático pela Saraiva. Em termos, sim. Se a Livraria Cultura não fosse tão longe ou se a Palavraria tivesse umas promoções bem boas, de repente frequentava outras.
Mas não é sobre isso que o post trata. Comprei dois livros do Bernhard Schlink, pagando a bagatela de R$ 70. Há muito nao fazia isso por livros. Tanto que minhas últimas aquisições foram de livro em lojas de 1,99, aqueles mesmos que o autor Nei Duclós veio a me falar noutra hora. Na última leva, comprei 14 livros e paguei só R$ 35. É um contrasenso horrível. De qualquer forma, completei minha coleção de obras do Schlink. Ao menos as traduzidas. Caso tu tenhas lidos as postagens anteriores, lembrarás de que tratei sobre O outro e A menina com a lagartixa. Pois é, são dele. Agora adquiri O leitor, aquele mesmo do filme, e A volta pra casa. Pretendo avançar nessas narrativas até a metade do ano.
Justamente há um motivo claro pra isso: estou pensando seriamente em tratar sobre o herói degradado e sua aventura mítica nas obras desse autor. Talvez o tema seja meio singelo e aí mora meu receio. Caso seja muito pouco pra avançar nos estudos acadêmicos, terei - ah, que dor! - de tratar sobre as letras de metal... Acho que seria um trabalho muito bom de fazer, delicioso mesmo, mas muito mais difícil. Como professor, o trabalho consome muito tempo e, pra fazer uma boa produção, teria de rever meus horários pra tentar algo melhor. O problema é que teria de reduzir horas, acumular tempo na faculdade com leituras, projetos de pesquisa, montagem da tese. Ainda há tempo pra decidir, ao menos.
A ideia para tratar no doutoramento é analisar a aventura mítica do ser humano em busca de uma identidade desconstruída pelo próprio homem na pós-modernidade. Isso é meio nebuloso para alguns, na teoria, contudo a prática nos mostra cotidianamente o que quero dizer: pessoas que não sabem o que querem da vida, processo de infantilização do adulto, entre outros. Tudo isso me interessa e a literatura explora muito bem cada elemento. Com um pouco de teoria, somada ao bom senso de meu futuro orientador, creio que seja possível chegar a uma conclusão que me garanta uma titulação que ainda não temos na família. Haja tempo pra que tudo isso se realize.

Blogueiros

Comecei hoje a analisar os textos de meus gloriosos alunos em seus blogs. A proposta de redação fora de criar uma biografia para algum personagem da obra A canção dos nibelungos, o texto medieval de minha dissertação de mestrado. Até agora, fechei a análise de uma turma. Entre bons e maus resultados, o que realmente me interessou foi a criatividade de alguns seres.
Desde passagens que relatam sobre seres eternos, relacionamentos trágicos, até a miscigenação entre a obra e o texto do autor foram possíves de se observar. A interrelação com a atualidade não passou batida no que a gurizada escreveu, tendo em vista que qualquer ideia que escrevessem seria embasada no mundo real. Uma das coisas mais interessantes de serem observadas foi como alguns conseguiram chegar a um detalhamento tal para explicitar cada passo da personagem que mais pareciam autores já consagrados. Curioso isso: ao mesmo tempo que reclamam por escrever, conseguem exposições realmente boas para pessoas de 14 ou 15 anos.
Passos para que essa gurizada se torne escritora são muito a serem dados. De qualquer forma, nunca descobriremos se realmente podem chegar adiante se não facilitarmos esse processo. Tanto as propostas mais narrativas quanto o blog como canal para publicação se tornam mais atraentes, pois não será apenas o crivo do professor que fará com que essa pessoa escreva ou fique na sua.

7 de maio de 2010

100 postagens poéticas

Desde a semana retrasada, estou mantendo o Silêncio em Poema. A atividade tem sido bastante interessante, pois, como já dissera, minha veia poética nunca fora meu forte. De repente, passei a escrever e comecei a gostar de algumas produções que tenho executado. Como a média de um por dia tem sido mantida, imagino que nos próximos três meses eu deva chegar a cem postagens - o que seria um milagre pra que não é proficiente nisso.
Assim, defini uma coisa: ao chegar na centésima postagens, tentarei selecionar os 50 ou 60 melhores poemas para uma publicação. Claro que entrará o problema: quem vai publicar? Duvido que alguém se interesse, pois produtoras e editoras grandes querem autores grandes e rentáveis. Não creio me encaixar nesse perfil. Partiria para uma produção independente, algo que me motivasse a realmente publicar. Ainda assim, teria de selecionar os poemas.
Entra, enfim, uma proposta, leitor: gostaria de teu auxílio para decidir quais textos publicar. Tu entras no blog e deixa um comentário, algo do tipo "publicável" ou o que quiseres falar sobre o texto. Sabem como são poemas... Ora é difícil de identificar o que transmitem, ora são claros demais. Por enquanto, gostaria do gosto, daqueles que mais foi apetitoso ler. Seria muito agradável contar com a colaboração de todos.

6 de maio de 2010

Tempo de acreditar?

Existe uma música do Angra, chamada Evil Warning, que começa assim: Time to believe in the dream that you've seen / In a world that is broken and mean / One day the sun it will shine for us all / Take the freedom that you have fore-seen. Para simplificar, fala-se que é tempo de acreditar em algo, no meio de tanta miséria, crendo que a liberdade pode elevar o homem. Será que finalmente chegou a hora de acreditar?
Inter versus Banfield. Um time precisando de resultado frente ao campeão argentino, não muito tradicional, mas disposto a se tornar. O colorado consegue a classificação ao buscar exatamente o placar que precisava. Uma partida em que a equipe teve equilíbrio técnico, mas os mesmos erros de fundamento tradicionais. Pede-se que acreditem no time, que se queira elevá-lo e torná-lo ainda maior, mas a que ponto? Seria apenas nossa força psíquica a levar o time adiante?
É uma série de questionamentos que levarei comigo. Até porque amanhã, ao sair para o trabalho, ouvirei meu cd com 150 músicas de metal e lá está perdida a citada anteriormente. E vou lembrar que tenho de acreditar, que preciso antever algo positivo no meio de tantos problemas que esse time tem. Falsas expectativas não podem ser criadas, pois não há nada que garanta êxito adiante. Tomara que seja tempo apenas de acreditar.

4 de maio de 2010

Da boa passagem

De todos os momentos passados ontem, acho que, além da pizza do Boka Loka, uma coisa bastante curiosa foi o fato de que há quem não me cumprimente. Curioso isso? Concordo. Há quem não me cumprimente. Essa situação seria bastante comum se fosse relacionada a pessoas desconhecidas ou que nem soubessem de meu aniversário. Pior são aquelas que sabem e ficam à distância, isoladas.
Penso que, de vez em quando, acabo assim. Prefiro ficar na minha. Só. Quieto. Sem querer mandar recados alheios. Sem querer dizer o quanto fico feliz pela sua festa, pelos seus anos, por tudo. Melhor ficar quieto. Afinal, se posso evitar dizer um monte de bobagens, pra que falar, né? Deixa estar. O pior das indicações de uma parabenização é quando esta não é sincera, fruto de uma necessidade mútua de bom relacionamento. Felizmente, acho que passei dessa etapa. Acho.
Positivamente, as inúmeras manifestações. Até as inesperadas! Gente que pouco sabem sobre nós ou que tem um baixo nível de intimidade. Essas criaturas curiosas parabenizam. Seria por tentar se aproximar? Seria por ser bem quisto por quem assim o faz? Não sei, pois não as conheço profundamente. Só poderia falar das que conheço. De que adianta, porém, falar dessas, se essas justamente não dão sinal de vida?
O famoso parabéns sempre é bem vindo. Certamente, muito mais assim será quando dotado de muita seriedade. Acima dos gestos de respeito e bondade mora a verdade. É dessa verdade que se espera um elogio ou uma crítica sincera. Não se pode prender apenas ao modus operandi do bem viver que ele não será sempre coberto de bons frutos. Só a verdade supera o sentimentalismo e a pífia arte de conviver bem.

3 de maio de 2010

O velho caminho de retorno

Há datas que não precisariam ser comemoradas. De qualquer forma, volta e meia nos deparamos com um novo Natal, uma nova Páscoa ou um novo Aniversário. Agora, o vigésimo sétimo. O tempo vai passando e parece que o caminho de volta aos acontecimentos passados é constante.
Rir ou chorar nessas datas é cerimonioso. Praticamente taxativo. Quem sabe apoteótico - por que não? Independente desse momento, uma série de situações de vida são rememoradas. Carrega-se a emoção ao rever o passado e relembrar de outros épocas e outros bolos: enquanto infanto, nos aniversários preparados pela mãe no prédio de minha avó, com inúmeros desconhecidos e beijos e abraços de tudo quanto era lado; as comemorações com jogos de futebol ou com videogame em casa; as festas em boates, em churrascaria ou num boteco mais encorpado. Agora, sem festa. Sem música, sem som, sem zumbido: apenas refletindo.
É mais um aniversário e a passagem para uma idade mais avançada. Ainda que todos os problemas se resolvessem com as mensagens carinhosas e as recepções calorosas que temos, sobre espaço para pensar e rever se está tudo bem. Se tudo que desejamos acontece ou se não é mais do que o tempo se esvaindo. Numa hora se chega à conclusão.

2 de maio de 2010

Nostalgia e decepção

Resolvemos vir ao litoral, nesse final de semana. Como era feriado no sábado e a Bibiana pegou folga no hospital, partimos na sexta-feira à tarde. Maravilha: tempo bom, cachorrada enlouquecida no carro, ida primeiramente a Tramandaí e depois a Atlântida Sul. Tudo realizado, mas antes do tempo devido. Antes do Gre-Nal, estarei retornando à capital.
De algumas coisas que fizemos, numa me detive: vimos Lua Nova. De tanto que a gurizada falou nesse filme, somado ao desejo que tínhamos de vê-lo, o assistimos. Como em Crepúsculo, minha decepção não foi muito diferente: em boa parte da narrativa, a intenção de achar para Bella um par ideal, tendo em vista a partida de seu amado Edward Cullen. O envolvimento com Jacob e os permeios entre depressão e imagens de Edward dão a tônica da narrativa.
Por um lado, foi algo nostálgico: a época em que eu curtia essas histórias de relacionamentos mal resolvidos que encontravam uma solução extrema. Tal como dito no filme, Romeu e Julieta tinham como transformar o problema do relacionamento não aceito pelos seus; Edward e Bella viviam sempre na esperança. Tristão e Isolda também acharam sua forma de encontrar o fim de tudo, bem como Medeia, afastando-se de vez de Jasão. Já o vampiro e a humana viviam - e, pelo jeito, continuarão vivendo - intensas dificuldades, contudo a esperança sempre é presente, a fim de que tudo termine bem para ambos - e juntos.
A minha adolescência não foi permeada dessas histórias tão melosas. Claro que algumas eram, mas não transformadas em narrativas que privilegiassem apenas o desvio amoroso, a dificuldades em entrar a alma perfeita. Na Odisseia, por exemplo, Odisseu retorna à Ítaca, mas depois de muitas aventuras e combates, apenas para ter sua amada Penélope nos braços novamente. Os percalços que o filme ilustra para os dois personagens são ainda simples, apesar de tentar buscar a mesma estrutura narrativa.
Talvez isso seja marca da pós-modernidade. Os elementos narrativos utilizados na construção das personagens privilegia demais os dados dos relacionamentos modernos. Não há heróis de força absoluta, sem defeitos ou capazes de decidir o futuro de uma nação: Lucian Goldmann que era esperto, aproveitando Bakhtin e Barthes: o herói moderno é degradado, necessita do próximo para sobreviver. Bella continua esperando pelo seu próximo, só se realizando através de seus pensamentos. Edward fraqueja e retorna, mas vampiro, portanto imortal. E assim segue a história, sem que possamos ter uma solução definitiva perante os problemas mundanos.