13 de março de 2010

Uma prova de amor ou um egocentrismo descomunal?

A Bibiana precisa fazer um trabalho para o pós que envolve o filme Uma prova de amor, estrelado pela Cameron Diaz, pelo Alec Baldwin e outros gloriosos. A princípio, fiquei pensando: "faz tempo que não faço um trabalho sobre algum filme". Acho que a última vez foi na graduação. Nos pós, só vendo ou com apresentações alheias. Geralmente eu ficava com a teoria. Talvez por isso que algumas vezes eu me sinta um mestre fajuto: teorias e teorias, aplicações poucas. Isso não é tão assim.
Vimos o filme. Excelente. Até estou pensando em levar pra gurizada, pois ele destaca um tema, no mínimo, muito curioso: uma mãe projeta uma gravidez para salvar outra filha de um câncer. Durante boa parte da infância, a menina mais nova transplanta leucócitos, medula óssea e outras razões saudáveis de seu corpo para ajudar a irmã, que piora com o passar o tempo. O último lance da mãe é querer tirar um rim da filha para salvar a outra, que tem decretada falência de tal órgão. A problemática começa quando a menina, de apenas 11 anos, vai a um advogado pedir que lhe ajude com uma emancipação, não a que conhecemos, mas médica, em que ela possa ter controle sobre seu corpo e decidir o que fazer. O advogado, atônito, questiona sua vontade, que lhe é reafirmada. Assim, começa o processo da morte da irmão.
Ao optar por tal questão, Anna, a filha caçula, põe em xeque as reais necessidades que sua mãe tinha. O desespero em salvar a filha mais velha foi tanto que até reproduziu uma nova criança, afim de salvá-la, mas esquecendo de sua vontade própria, sua vida e seus anseios. Afinal, se a mãe queria tanto salvar uma filha, por que não buscou outros meios que não envolvessem o uso do corpo humano apenas como uma ferramenta de auxílio à sobrevivência alheia? Qualquer alternativa ficou fora de questão quando o médico avisou sobre a gravidade da leucemia de Kate. Logo, houve uma prova de amor para a salvação da menina ou a engrenagem de um egocentrismo único, que foi incapaz de observar que o retorno de Kate era improvável?
De tantos caminhos errados em relação ao próximo tomados pela mãe, Anna tomou a atitude: queria ser normal. Não queria viver com apenas um rim, não queria mais sofrer com agulhas, nem se sentir mal com as contra-indicações promovidas pelos transplantes. Se a mãe não era capaz de ver sua situação, se o pai era omisso e não tinha conversas com ela, apelou para a justiça. Posteriormente, se saberá que Kate a incitou a tal ponto, pois também não aguentava as agrúrias da mãe. Assim, ela poderia se libertar e finalmente dar fim a tudo que acontecia.
Há de se pensar que uma mãe realmente pode - ou deve ou tentará sempre - salvar a vida de um filho. O que não se pode colocar na frente é seu sentimento em detrimento ao de todos os outros envolvidos. A prova de amor fora dada pela irmã, que não sonegou os desejos da outra, enquanto a mãe buscava vida onde já não se podia encontrar. O destino da história? Veja o filme. Tenham certeza, apenas, de que o amor preponderou.

2 comentários:

  1. Acredito que o egocentrismo, descomunal ou não, leva à falta de ética, de uma maneira geral. A questão central do filme, do ponto de vista de uma enfermeira, é até onde a vaidade profissional pode nos levar? ;)

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  2. Eu vi esse filme faz uns dia. Realmente é muito bom. No minimo nos faz refletir. Lição de vida!

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