5 de março de 2010

Das idolatrias

Ouvindo um pouco de rádio agora à noite, detive-me sobre as reclamações sobre o goleiro Marcos, aquele que foi campeão do mundo com a Seleção de 2002 - jogando muito, aliás - e de um litígio sem fim com a torcida do Palmeiras. Seu time perdeu para o Santo André na quarta passada e o goleiro novamente fora crucificado. Não que sua ação na partida fosse boa, mas se torna desnecessário ser tão invasivo em uma crítica que apenas tende ao ódio e ao distanciamento entre ambas partes.
A relação entre a torcida e seus ídolos é cheia de percalços. Inúmeros exemplos poderiam ser citados, mas a questão sempre gira em torno dos acertos e falhas que uma mísera partida podem partilhar. Se o goleiro falha, vira frangueiro; se o centroavante erra um lance de frente para o gol, vira perna-de-pau. Essa tênue linha que separa o amor e o ódio pelos ídolos liga-se intimamente ao extremismo das torcidas em relação aos seus clubes: se o time vence, é motivo para chacotear o adversário; se perde, reclama-se até das mães dos atletas, que não fizeram brotar um elemento melhor para o mundo. Tudo isso gerado por uma sociedade que anseia por realizações imediatas. Através disso, esquece-se o histórico e ficam os acontecimentos recentes. Caso isso ocorresse na Idade Média ou na Antiga, seria bastante compreensível, já que eram sociedades que não admitiam falhas. Hoje, entretanto, encontra-se no erro uma oportunidade de melhora, para que tal evento não ocorra novamente.
Não se sabe até onde podem ir as emoções humanas. Que diga o Salvador Cabañas, atacante paraguaio do América, do México. Sem contar aquele seu colega que levou um tiro nas nádegas. Após a Copa de 1994, vencida pelo Brasil, o zagueiro colombiano Escobar fora morto por suas falhas no jogo de eliminação de sua equipe. Seriam torcedores a realizarem essas ações? Ou seres tão dominados pela sociedade corrompida, que os fazem chegar ao ponto de eliminar vidas em virtude de suas paixões? Há de se pensar melhor ao criticar efusivamente alguém, ainda mais quando essa paixão se transforma em ódio descomunal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário