22 de junho de 2010

Tom Bombadil

Li ontem As aventuras de Tom Bombadil. Como eram duas traduções, li a literal, independente da forma, preferindo os versos brancos e a técnica mais narrativa para compreender um pouco dessa personagem. Durante os 16 poemas presentes, procurei me manter ligado numa sequência histórica de fatos literários. Pena que justamente isso não havia.
A função do poema lírico tem seu fim em si mesmo. O épico é aquele que apresenta uma história sequencial em casa parte ilustrada, ainda dividido em cinco principais: apresentação, invocação, dedicatória, narrativa e epílogo. Nos poemas sobre Tom Bombadil, há uma série de aventuras as quais o personagem se encaixa, além de outros em que ele conta sobre mitos e lendas da Terra-Média. É um livrinho bem curioso, de fácil assimilação e que busca refletir sobre os acontecimentos anteriores às grandes narrativas desse mundo, colocadas no Silmarillion e no Senhor dos Aneis.
Achei muito interessante o poema sobre a Princesa Mi e a outra princesa que ficava num poço de cabeça para baixo. As duas nunca se veriam, pois a "afogada" não podia ver a beleza de Mi, já que ansiava ser tão ou mais bela que a outra. Assim, as duas se sentiam apenas pelos pés, numa imersão provocada pela imagem da irrealização. Afinal, o desejo pelo que se não pode ter já é uma busca sem vitória, pois se aceita desde o início que nada será como se busca.
Apesar das várias narrações, as feições mais belas do texto se prendem às descrições do ambiente e das personagens. O aparecimento do Homem-Salgueiro, do próprio Bombadil, da Princesa Mi e do Troll configuram boa parte da rede de personagens que se destacará nas obras supremas de Tolkien. É uma boa leitura pra quem se interessa pela assunto e quer conhecer como ocorreu a formação das lendas da Terra-Média. Só não busquem muitas aventuras por lá.

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