21 de junho de 2010

Falecimento

Hoje o dia foi realmente muito triste. Pensei que me sentia mal pelas dúvidas que me tem acometido ultimamente, mas percebi que nada valiam perto da notícia que recebi agora à noite. Faleceu um dos meus maiores - senão o maior - mentor dentro da área de Letras. Meu maior incentivador, que me dizia ipsis literis: "vai fazer o Mestrado, vai fazer o Doutorado e ganhar a vida!".
Quando na graduação, já no quase longínquo ano de 2002, eu o conheci. Então professor de Literatura Portuguesa I, falavam maravilhas sobre o cara - muito mais pelas conversas do que propriamente pelas aulas. Sisudo, começava as aulas com questionamentos do cotidiano antes de adentrar o conteúdo. Mil palavras que para alguns foram em vão. Para mim, não. O velho professor me trouxe muito conhecimento - acadêmico e mundano. Lecionou Literatura Portuguesa II, Literatura Brasileira II, Literatura Infanto-Juvenil. Frequentei todas essas aulas. Foi meu orientador no Trabalho de Conclusão de Curso. Lembro como se fosse ontem: "como tu podes ir adiante, vou te ajudar a montar um ótimo TCC". Foram 110 páginas de muito discurso erótico-amoroso. Não que ele fosse muito apto à ideia que resolvi cultivar, contudo sempre foi engenhoso em qualquer parte de minha montagem.
O antigo professor me dava carona quase sempre. Teve até algumas vezes em que esqueci de pegar dinheiro para passagem de trem e lá vinha ele com umas notas amassadíssimas de R$ 2 pra eu voltar. Isso quando ele não oferecia a carona. Aí a conversa se prolongava: caminho mais longo, mais papo. Não pensem que era besteira ou uma pedofilia velada: era uma conversa do cotidiano literário, da vida acadêmica, do muito a aprender e a respeitar.
Morreu o Dr. José Fernando Louzada de Miranda. Abri o jornal, milagrosamente vi o obituário - que, engraçado, hoje uma aluna me perguntou quem o lia - e notei seu nome. É uma perda muito grande. Muito conhecimento que pouco era reconhecido enquanto fui seu aluno. Publicou muitas obras, difíceis para o público de hoje, devido ao teor minucioso com que queria que nós abordássemos os textos. Independentemente disso, morreu um ícone da PUCRS e do Unilasalle, seja pelas palavras ou pelas atitudes e, acima disso, pela grande pessoa que sempre fora.

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