2 de maio de 2010

Nostalgia e decepção

Resolvemos vir ao litoral, nesse final de semana. Como era feriado no sábado e a Bibiana pegou folga no hospital, partimos na sexta-feira à tarde. Maravilha: tempo bom, cachorrada enlouquecida no carro, ida primeiramente a Tramandaí e depois a Atlântida Sul. Tudo realizado, mas antes do tempo devido. Antes do Gre-Nal, estarei retornando à capital.
De algumas coisas que fizemos, numa me detive: vimos Lua Nova. De tanto que a gurizada falou nesse filme, somado ao desejo que tínhamos de vê-lo, o assistimos. Como em Crepúsculo, minha decepção não foi muito diferente: em boa parte da narrativa, a intenção de achar para Bella um par ideal, tendo em vista a partida de seu amado Edward Cullen. O envolvimento com Jacob e os permeios entre depressão e imagens de Edward dão a tônica da narrativa.
Por um lado, foi algo nostálgico: a época em que eu curtia essas histórias de relacionamentos mal resolvidos que encontravam uma solução extrema. Tal como dito no filme, Romeu e Julieta tinham como transformar o problema do relacionamento não aceito pelos seus; Edward e Bella viviam sempre na esperança. Tristão e Isolda também acharam sua forma de encontrar o fim de tudo, bem como Medeia, afastando-se de vez de Jasão. Já o vampiro e a humana viviam - e, pelo jeito, continuarão vivendo - intensas dificuldades, contudo a esperança sempre é presente, a fim de que tudo termine bem para ambos - e juntos.
A minha adolescência não foi permeada dessas histórias tão melosas. Claro que algumas eram, mas não transformadas em narrativas que privilegiassem apenas o desvio amoroso, a dificuldades em entrar a alma perfeita. Na Odisseia, por exemplo, Odisseu retorna à Ítaca, mas depois de muitas aventuras e combates, apenas para ter sua amada Penélope nos braços novamente. Os percalços que o filme ilustra para os dois personagens são ainda simples, apesar de tentar buscar a mesma estrutura narrativa.
Talvez isso seja marca da pós-modernidade. Os elementos narrativos utilizados na construção das personagens privilegia demais os dados dos relacionamentos modernos. Não há heróis de força absoluta, sem defeitos ou capazes de decidir o futuro de uma nação: Lucian Goldmann que era esperto, aproveitando Bakhtin e Barthes: o herói moderno é degradado, necessita do próximo para sobreviver. Bella continua esperando pelo seu próximo, só se realizando através de seus pensamentos. Edward fraqueja e retorna, mas vampiro, portanto imortal. E assim segue a história, sem que possamos ter uma solução definitiva perante os problemas mundanos.

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