29 de dezembro de 2009

Lamentável!

Ontem passei o dia pensando no que escreveria. Acabei mal sentando direito na frente do computador. Era dia de ir ao sindicato, saber que verbas tenho a receber, assinar rescisão de contrato e tudo mais. É, é uma pena que o cursinho tenha terminado. Um projeto tão bom e que não teve sequencialidade.
Isso me fez pensar em cacoetes. Essas malditas expressões que volta e meia acabamos por repetir, seja por mania, por intenção ou por desleixo. Na formatura de Ensino Médio da escola, esse ano, os educandos fizeram uma homenagem muito bonita aos professores: um vídeo, falando de suas particularidades. Ao chegar no meu nome, admirei-me bastante com as falas, mas não pude deixar de prestar atenção nisso: "é, professor... sessenta e sete 'né' numa mesma aula é um feito!". Pois é. Minha velha intenção de tentar manter os alunos ligados na minha fala se reverteu em uma ironia bem interessante. O que mais marca o estudante? Aquilo que tentamos mediar, construir como conhecimento ou nosso jeito de ser, nossas manias e atitudes?
No pré-vestibular, bem como na escola, quando um aluno vinha com uma desculpa esfarrapada ou com aquelas carinhas de "pidões" ou qualquer coisa que fosse pedida, respondia a eles: "lamentável, hein, Fulano?". Tanto virou costume que já há quem faça isso em coro pra mim. Agora, aposto que se fosse para saberem por que diabos aquela vírgula está mal colocada, ah, aí seria diferente. Ah, alunos...
É, portanto, lamentável dizer que essas doces criaturas não se espelham na gente. Não como ídolos explícitos ou seres superiores, mas como aqueles que detêm o conhecimento a ser instrumentalizado. O educando não busca apenas aquele que sabe mais, mas aquele que sabe fazer pensar mais. E, de quebra, se preocupa com as suas atitudes mundanas, seus defeitos e suas qualidades. Né?

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