27 de dezembro de 2009

Experimentand Literatura - V

Aproveitando o embalo de O outro, que li numa sentada ontem pela manhã, vou postar um textinho que me lembrou a história. É lá de 2001 também. Ah, e esse existe.


Paciência de anos (2001)




Era uma calorosa tarde de domingo e Natasha estava lá, na frente de seu computador, datilografando um trabalho para a faculdade de Ciências Sociais, cuja fazia há três anos. Ela, esbanjando seus vinte e oito anos com muita saúde, não esperava que aquele dia mudaria para sempre sua vida.

Toca a campainha. Ela sai do quarto, atravessa o apartamento situado na Bela Vista e vai atender a porta. Era Bruno, um homem alto, esbelte, encorpado que Natasha não via a cerca de dez anos. Seu grande amor do passado. Ele pede para entrar e ela não lhe responde, mas logo dá a trégua. Sentam no sofá da sala, conversam por alguns minutos. Bruno fala que esteve fora do Brasil por cinco anos, pois fora trabalhar com seu pai numa empresa agronômica argentina, que lhes remuneravam muito bem. Porém, Natasha não se dá por satisfeita e indaga o homem:

- Mas e o que você sentia por mim, Bruno? E o q eu sentia por você? Onde ficou?

- Continua nos nossos corações, Natasha...

- Não, não pode ser... Sumiste por dez anos!

- Eu queria ficar...

- Saia já daqui, Bruno!!

Ela se levanta e abre a porta da rua. Bruno, num gesto que jamais houvera feito, tira a mão da mulher da maçaneta, bate a porta. Ela, já irritada, tenta se soltar dele, mas a força do homem não permite que ela consiga tal coisa. Para repreendê-la, ele a deixa contra a parede, segurada pelos pulsos. Foi a primeira vez que ficaram tão próximos como em anos anteriores. Ele se aproximava mais, ela se acalmava. De repente, o beijo. Aquele beijo tão doce, tão meigo que não acontecia há anos. As línguas se entrelaçavam, os lábios se grudavam, o beijo quente causava-lhes muito tesão. Ela desprende os braços das mãos de Bruno e o abraça com força, queria mais do que estava acontecendo. Beijava seu pescoço; era beijada no mesmo lugar. Bruno a apertava, sentia a mulher que ele sempre amou, passava a mão em todos os lugares possíveis. Quando ele chegou na virilha, a mulher foi o empurrando aos poucos e, em seguida, joga-o na cama. Ele quer se levantar, mas Natasha vai em cima dele, beija seu peitoral musculoso, suas formas gritantemente definidas. Ele sente muito tesão; ela também. Bruno já está numa respiração ofegante, rápida como requer a situação. Foi então que ela sentou por cima dele e tirou sua camisa. Os seios dela estavam expostos a ele, aquele par de seios que mais pareciam duas laranjas, de formas tão perfeitas e definidas. Ela cai novamente por cima dele, mas ele se vira e também tira a camisa. Logo, as calças, as meias. Ela também já está nua, desfilando seu corpo perfeitamente moldado, traçado a olhos de deuses, devida perfeição que era aquele corpo. Então, fazem amor. Transam, transam tanto que ela berra como uma louca; ele vibra como uma conquista. Ficam tempos e tempos lá, até que a mulher pára, olha para ele e diz:

- Nada mais é como fora um dia...

Bruno, indignado, sai da cama e se veste. Ela fica inerte em sua posição, mas queria dizer algo que não saia de sua boca. Ele se vira para ela e fala:

- Tu foste a única que eu amei nesses anos todos. Era só você que eu sempre quis.

E sai da casa. Fecha a porta, talvez a porta de seus corações. Ela chora, lacrimeja bastante. A boca trêmula não permite que ela diga uma única palavra. Vai até a frente de casa e vê Bruno saindo com seu Palio azul metálico. Ela, sem muitas alternativas, fica lá, deita-se na cama e chora a ida de seu mais perfeito amor. Não teve paciência para suportar a pressão que sua voltaria o faria.

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