30 de dezembro de 2009

Hachiko e o exemplo da lealdade

Tenho uma cadela, a Fiona, há mais de três anos. Totalmente brincalhonha, medrosa, cheia de vontade de comer e de passear. Hoje, inclusive, vamos para o litoral curtir o Ano Novo - apesar de ela não ser nada fã de fogos de artifício. Extremamente fiel, ela não me deixa: sempre que fico até tarde fora de casa, minha mãe - com quem deixo a Fi durante o dia - me liga, dizendo que a cadela não pára de chorar à porta. É mais ou menos isso que conta a história de Hachiko.
Esse nome japonês é de um cão que foi adotado numa estação de trem. Seguia árdua e apaixonadamente seu dono até a mesma estação, quando este ia trabalhar. Certa feita, ele morreu. E o cão continuou indo todo dia ao seu encontro no lugar. Pena que isso nunca acontecia. Morreu aos dez anos, sendo que em oito ele estivera presente, à espera do retorno do dono.
A história - fato real ocorrido no Japão, nas décadas de 20 e 30 do século passado - foi transformada em filme, intitulado Para sempre ao seu lado. Nome melhor, impossível. As cenas são de emocionar do início ao fim, pois a disposição do cão em reencontrar Parker, a personagem principal, é de uma incrível lealdade. Se o remake real traduz o que realmente aconteceu, estamos falando de uma cumplicidade que o ser humano, em geral, não tem pelo seu próximo.
Meus alunos sabem que tenho cachorro, que adoro, e uma vez certa menina me contou sobre a situação de sua cadela: paraplégica, chance de ser sacrificada. Aquilo me doeu, mas o que poderia ser feito pelo bicho? Ela soube dos protótipos de rodas que eram feitos pra animais e seus pais resolveram comprar.  Não pela especificidade do caso, porém é curioso como pelos animais o homem faz mais do que pelo próprio homem...
Lealdade, segundo o Wikipédia, "é o atributo ou a qualidade de quem ou do que é fiel (do latim fidelis), para significar quem ou o que conserva, mantém ou preserva suas características originais, ou quem ou o que mantém-se fiel à referência." Hachiko sentou-se no mesmo lugar durante oito anos, à espera de seu dono, pois fora lá que sempre se encontravam para caminhar até em casa. Era no caminho que ganhava a atenção de todos, do dono do cachorro-quente de esquina aos transeuntes escassos da região. Passou a morar lá, pelo único fato de esperar a quem realmente era leal.
Creio que isso nos obrigue, em Ano Novo, a refletir sobre qual é nossa situação perante o próximo. Ser leal? Estar leal? Buscar lealdade? Realizar lealdade? É um foco a ser respondido, mas que refere a toda importância que podemos ter pra alguém. Se a Fiona pode chatear os outros durante a noite, chorando pela minha ausência, se Hachiko pode esperar noites e dias a fio pelo seu dono, por que não podemos retribuir essa lealdade ou expandi-la para o homem? Talvez porque saibamos que o amor do animal é incondicional, enquanto o homem pena para não demonstrar seu interesse pelo que possa receber.

2 comentários:

  1. ;] às vezes pensamos nos animais como seres incapazes de defender sua própria existência perante a vida e lhes dedicamos atenção especializada...rsrs...agora será justo destratarmos dessa gente, só por ser gente como a gente, capaz de se defender, ignorando o fato de que são na mesma medida dos animais suscetiveis a sofrimentos e desilusões?...Claro que não...é isso que diferencia grandes homens, de pequenos...assiste um dia sôr Diários de Motocicleta e vai entender um poco do que to falando...rsrs...gostei do blog, abraço e sucesso sôr...rsrs...a aqui é o Gabriel...se pa o perfil que vai aparecer é o da minha mãe, sei lá...rsrs...

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  2. Bah,me interessei muito pelo filme. Vou ver. Eu também sou louco por cachorro e,sinceramente, me importo mais com eles do que com as "pessoa"(não todas,nada de generalizações!). Não sei dizer o porquê disso. Esse post me lembrou semana passada quando eu vi o Feioso,um cachorro que mora perto de casa que eu acho que não tem dono, e que sempre que me vê me segue até a porta da minha casa junto com outros da rua. Pois bem, ele está com a pata esquerda quase que toda aberta. Me senti super mal por que mesmo daquele jeito ele foi comigo até minha casa, mancando, teve até que subir escadas. Eu notei que tinham posto algum tipo de remédio roxo nele e por isso não pus nada nele. Fiquei com aquilo na cabeça. Ao caminho do supermercado, que fui minutos depois, passei por um mendingo revirando lixo e nem notei. Na volta que eu percebi a presença dele. Aquilo me chamou a atenção pois eu estava tão preocupado com o Feioso que eu nem o notei.
    Talvez essa lealdade incondicional dos cachorros seja mesmo o motivo do zelo maior por eles do que pelos homens por minha parte,visto tantos casos bárbaros que aparecem diariamente em jornais feitos por HOMENS e não por CACHORROS.

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