12 de janeiro de 2011

O pasto e as securas do homem

Ao passar a tarde na casa de minha mãe, li um livrinho de poemas dum gaúcho de Alegrete chamado Russel Vaz Morais, O pasto. No meio de tantas leituras que gostaria de fazer - tendo as esquecido em casa - resolvi apelar para os livros de meu irmão. O próximo da lista, inclusive, é Homem comum, do premiado Philip Roth.
Na coletânea de poemas dispostas pelo autor, percebe-se uma grande relação entre o homem e o campo, possivelmente pela maior proximidade que há entre a origem do autor e sua convivência. Também existem textos, porém, que escancaram uma certa realidade da sociedade do interior e da capital também: a essência da futilidade. Num dos poemas, que trata sobre baile de debutantes, há a diferenciação dos objetivos do menino que vai à festa e da socialite: enquanto um anseia pela visão daquela menina amada, a outra anseia pela visão de todos, como foco centralizador de um evento. Quanto ao menino, sabe-se que, desde sempre, o homem busca a mulher para sua relação futura, para o encontro amoroso; quanto à socialite, qual objetivo teria se não apenas ficar em evidência? Busca também ser o foco do menino? Quer mais do que olhos a lhe observar? O que deseja alguém que quer apenas ser lida e se ler num jornal ou numa revista?
Questões simples, mas que podem trazer com força a futilidade humana. Afinal, se o bem comum avança as fronteiras da individualidade, não haveria necessidade de que o foco fosse único. A visão das pessoas por vezes é tão reduzida que se esquece que o próximo necessita mais de atenção do que a si próprio. Veja o menino do poema, por exemplo: seria ele tímido? Seria quem sabe apaixonado pela debutante? Buscaria fazer algo para agradá-la ou para que se sentisse melhor com ela? Também não sabemos. O que fica, porém, é que a busca do menino é muito mais válida que a da mulher, já que seu sonho pode determinar sua vida com muito mais significados que a dela.
Um livro simples, mas com poemas bastante relevantes para pensar. Um tema simples, como o baile de debutantes, e as inúmeras possibilidades a se concretizar. A leitura da tarde teve seus pontos interessantes. Espero, agora, que o Homem comum seja realmente alguém de valor, pois até mesmo o comum pode superar toda a futilidade que nos ronda cotidianamente.

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