9 de janeiro de 2011

Nathalie X: o X da questão em cada narrativa

Sempre gostei de romances policiais. Na verdade, muito mais que policiais, histórias de mistério, em que se descobre a situação de um crime depois de inúmeras pistas deixadas e descobertas no texto. Um mundo imaginário permeia nossa mente até que a resposta chega - muitas vezes distante do que esperávamos.
Contradizendo isso, a obra O destino de Nathalie X e outras histórias marca um tipo de policial que não se baseia necessariamente na busca por um final apoteótico ou dotado de suspense: marcam-se diversos relatos de pessoas que viram, presenciaram ou suspeitaram de algum crime - o suficiente para montar a narrativa. Sendo assim, nos contos apresentados por William Boyd, há a seguinte situação: um crime foi executado; pessoas viram algo; compila-se os dados e a história está pronta. Há uma certa frieza na narrativa, o que torna a obra até certo ponto desgostosa, mas não menos curiosa para saber qual é o ponto de vista do narrador sobre os ocorridos.
Uso como exemplo o texto N de N, a narrativa mais curta presente. Fala-se sobre uma personagem nascida no Laos, que teve um determinado tipo de vida e acabou morto atropelado por uma bicicleta. Naturalmente se diz sobre o que ele fez, a obra-prima que escreveu, o sonho de morar em Paris, mas meramente descritivo, sem qualquer movimento de ação no texto. Sendo assim, aquilo que se espera de um texto policial se perde em pouco tempo.
Há amantes das mais diversas literaturas perdidos por aí. Claro que o gosto de cada um deve ser considerado na hora de escolher um livro para leitura, mas volta e meia somos surpreendidos pelo que o texto nos apresenta. Fui surpreendido novamente - apesar de negativamente - e julgo ser necessário continuar a incessante busca por um texto que seja o ideal para nós. Alguns autores já me deram esse prazer, mas William Boyd infelizmente não foi um deles.

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