10 de janeiro de 2011

A cor me cega?

Dentre as atividades eletias para as férias, obviamente está passar um bom tempo reouvindo boas músicas. Volta e meia procuro umas letras para ver quais seriam os motivos que me levam a tal gosto. Eis que me deparei com Color me blind, do Extreme, e suas possibilidades tanto de significação quanto de trabalho.
Na música, o eu-lírico indica que sonhou com a cegueira, não podendo ver as cores do mundo. Dessa forma ele passa a tentar explicar o que é o retrato do mundo: sem cores, as guerras e os conflitos se tornam mais vistos, pois são as memórias em preto e branco, que devem ser relegadas ao esquecimento. Ainda assim, as cores não aparecem com constância, mas sempre se questiona por que tudo isso acontece. Também é citada a questão de observar uma "terra prometida", aquela que faria com que as pessoas escapassem do mundo preto e branco. Como é uma possibilidade apenas, não se enquadra como algo real, e o mundo bicolor é mais evidente.
Fico pensando em relação aos meus alunos DVs: será que o mundo que eles não observam é necessariamente um mundo de destruição e desgraças? Talvez para alguns que degustaram da visão durante um bom tempo e ficaram sem a mesma, sim. E para aqueles que nunca viram? Que não sabem o que são formas ou cores ou a distinção física entre belo e feio? Não creio que possamos instigá-los a crer em mundos diferentes apenas pelas cores.
Naturalmente, uma série de considerações devem ser acionadas para concluirmos o que é o mundo com ou sem cores, mas a cromatologia nos mostra que se geram inúmeros significados para cada uma: por que o branco para o casamento? Por que a morte é preta? Por que filmes de assassinatos são cobertos de vermelho? E o verde para a esperança? Só que para os deficientes cada um desses significados talvez não  lhes traga nada, visto que vários nem conhecem azul, cinza, amarelo...
A música tem um significado muito bonito: colorir o mundo para mostrar sua beleza. De qualquer forma, as cores não cegam apenas os que veem, mas os que não veem também: um ramo de significados pode lhes ser excluído. Vale pensar em tudo na hora de ouvir um som. Mesmo no próprio trabalho.

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