8 de janeiro de 2011

Dez (quase) amores e (centenas de) risos

Ler obras da Cláudia Tajes está virando um pequeno vício, que venho cultivando desde Louca por homem. Pequenas cômicas tragédias na vida de uma mulher que busca o encontro com a felicidade são as tônicas de obras que abrangem muito mais do que o perigo dos relacionamentos amorosos. Isso se comprova na obra citada, em A vida sexual da mulher feia e Dez (quase) amores.
Maria Ana é uma mulher que, desde tenra idade, sofre com as desilusões amorosas. Mágico de circo, cardiologista e pintor são alguns dos tipos masculinos que penetram as dificuldades da personagem. Visto que no início da obra a narradora já expõe sua aversão por determinados tipos masculinos, presume-se que dificilmente ela seguirá seus próprios requisitos ou encontrará alguém à altura de seu desejo. No entanto, no decorrer da narrativa, os problemas a tornam cada vez mais suscetível aos homens que casualmente lhe aparecem, mantendo relações esdrúxulas, mal resolvidas e - por que não? - altamente desamorosas.
É interessante perceber, no entanto, que, por trás de uma mulher que não consegue encontrar o amor ideal, está uma jornalista formada, que desempenha suas atividades com perfeição; tem uma vida social bastante razoável com família e amigos, que prontamente a atendem ou ela a eles; embeleza-se muito pelos homens que encontra, mas não se menospreza perante as dificuldades encontradas. Sendo assim, é um protótipo perfeito do que observamos no cotidiano: mulheres mais ativas, mais fortes, que trazem seus ideais para serem praticados.
Uma obra como essa é passível de inúmeras risadas. A expressão determinada pela autora mostra uma ironia simples, mas dotada da mais alta complexidade quando relata o envolvimento amoroso. Dar errado numa relação é algo da vida, mas fazer com que várias pessoas riam da desgraça alheia - que poderia ser a nossa própria - é coisa de bons autores.

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