Quem trabalha na educação sabe que, por vezes, é muito difícil lidar com certas pessoas. Desde os elementos mal intencionados, aqueles que querem apenas aparecer, os que têm dificuldades cognitivas, os que são envergonhados, até os bem-feitores, quando muito assoberbados. Em nada disso parece diferir o caso do atacante Walter, do Inter.
Aquele que já escutou alguma entrevista dele já percebeu sua linguagem e sua forma de se comunicar. Já houve momentos em que ele maneou a cabeça e desviou da pergunta; também quando fala, liberando um linguajar simples, parecido com aquele que se fala no interior, numa roda de amigos, quando pequeno. A simplicidade é companheira do jogador como se fosse aquela a quem recorrer sobre qualquer necessidade. O problema disso vem acoplado: a simplicidade demonstrada pelo jogador parece trazer um estado cultural ainda incipiente. Pela fala, pelo manejo dos olhos e pelo desvio das perguntas, a falta de escolaridade - ou de aproveitamento da mesma - reflete em suas atitudes: impulsivas, sem explicação, dotada de certa infantilidade.
Se não há nada demais com ele, por que não aparece nos treinos? Se ele quer jogar na Europa, por que não desfila seu futebol no gramado do Beira-Rio? Se o problema for além, como o emocional, por que não o ajudam trazendo e fincando sua família aqui, aliando a um tratamento psicológico? Por que ele não se ajuda, seria a principal pergunta. Ele não pode se ajudar se não tiver maior conhecimento sobre si mesmo. Infelizmente não o conheço, apenas o vi uma vez no Praia de Belas com o Leandro Damião, mas é um guri que, como inúmeros brasileiros, sofre pela falta de escolaridade, de conhecimento, de auto-conhecimento.
Clubes de futebol não podem ser apenas lapidadores de craques. O indivíduo, para chegar ao sucesso profissional, necessita de amparo psicológico e social. Antes de vermos Walter como um grande jogador, será necessário vê-lo como um cidadão consciente de seus atos, de sua estrutura. Quem será Walter caso ele se mantenha mais dias preso em casa, sozinho? Um mero homem, quem sabe sem profissão, perdido, jogado pelos cantos de um mundo que não coopera para a reabilitação do próximo.
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