Toda vez que entro numa sala de aula, principalmente no início do ano, as dúvidas sobre o que me espera em cada lugar são constantes. Afinal, turmas novas, caras novas, outras nem tanto, acabam todas se transformando ano após ano. Realmente, aquilo que foram num ano dificilmente se repete no próximo. Isso que anda me preocupando em certos elementos.
Independentemente de histórico escolar, boas notas e tarefas realizadas, o terceiro ano dá um toque de soberba em certas mentes. A turma mais velha da escola, a que está com um pé fora da instituição, que promoverá uma formatura, chorará as despedidas, rirá determinados momentos. Por enquanto, porém, os motivos de risos foram menores que os de choro: não me sinto bem com a situação de alguns excelentes alunos que resolvem deixar de lado suas aptidões cognitivas pra ocupar tempo com conversas, desvirtuações e asneiras pseudointeressantes. Tudo é uma questão de momento. A síndrome de Terceiro Ano, tão comum para certas pessoas, parece andar de mãos dadas com grandes figuras que conheço.
A vontade de conversar e de não fazer nada é uma constante. Soma-se ainda o desleixo com o material que lhe é distribuído, além de pouco aproveitar o que deve aparecer em sala de aula. Desvirtuar atividades é outra rotina. A soma desses elementos adoece a compreensão de cada um, do seu motivo de estar presente num terceiro ano. Talvez por isso a incidência de aprovados num vestibular mais exigente, como da UFRGS, não seja tão alta para alunos terceirandos. Lembro que, de meus ex-colegas, apenas um - entre 60 - fora aprovado um mês após nossa formatura. Os demais, só em particulares - que é bem mais simples, diga-se de passagem. Fui entrar na UFRGS quase dez anos depois de formado - claro, dadas as condições que tive nesses anos todos -, mas na época da escola, realizar a UFRGS fora um tiro no escuro, tendo em vista toda a dificuldade que foi o ano 2000.
Tenho exemplo no couro das dificuldades da Síndrome de Terceiro Ano. Fiz-me professor e não gostaria de que meus alunos passassem pela mesma situação. Sei, no entanto, que a maioria deve seguir esse caminho, pois parece ainda faltar algo que os delegue à categoria de estudantes em estado permanente, independentemente da série ou do susto que se leva. Já houve problemas por essa Síndrome. Nao gostaria de vê-la novamente tão cedo.
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