21 de dezembro de 2009

Reciclagem

Normalmente, vou ao trabalho de carro. Nesses últimos dias, liguei o rádio, coloquei um de meus cds e lá tocava Can't Help Falling In Love Again. Para os apreciadores de Elvis, um bom som. Para mim, uma versão muito boa.
Elvis Presley foi um baita cantor, encantou muita gente, foi símbolo sexual e tal. E daí? O que ficou foi a reciclagem. Há inúmeros Elvis perdidos pelo mundo, representando-o com performances que me remetem sempre àquela música - que me lembra chiclete -, Tutti-Fruit. Não seria apenas a essa reciclagem que remeto.
A música que citei também tem outros intérpretes. Diga-se de passagem, gosto muito dessa que escuto, do Blackmore's Night. "Quem?" - Bom, não tenho informações muito profundas sobre a banda, mas é de origem celta e faz um som muito próprio do local. Vale a pena escutar. Aliás, isso só justifica a tendência dos dias atuais de reciclar aquilo que já fizera sucesso: covers de Beatles, Rolling Stones; remakes de filmes clássicos, como Fim dos Tempos ou Drácula.
Na literatura, também acontece. Em minha dissertação de Mestrado, trabalhei com A Canção dos Nibelungos. O texto original, datado do século VIII, é belíssimo: a saga de Siegfried pela conquista de Kriemhild, sua ascensão e queda. Na sequência, o casamento de Krienhild com Átila, rei dos Hunos, e toda a derrocada do reino, pela vingança de sua rainha. Há uma versão que busca remontar o episódio mítico, chamado O Anel dos Nibelungos. As histórias tem alguns elos, mas no todo são diferentes. De qualquer forma, o encantamento promovido pelas narrativas é o mesmo, já que o efeito do mito e da fantasia em nossa sociedade é bastante constante - aliás, renderia não apenas um texto, mas um livro inteiro, tratar sobre a estética da recepção, as formas e os motivos que levam os interlocutores a aderirem tais textos, no caso.
Enquanto essas reciclagens se mantêm, nós também nos reciclamos o tempo inteiro. É uma motivação pós-moderna, certamente, na qual nos colocamos e participamos ativamente. Tanto que, se possível, sairei daqui e voltarei minha atenção pro Whiskey In The Jar, do Metallica.

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