22 de abril de 2010

Agonia Fantasma

Texto publicado no último dia 19 que, magicamente, não estava presente no blog... Vai se entender...

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Existe uma música do Epica com esse nome. The phanton agony relata, dentro do contexto - afinal, a canção faz parte de uma história que é narrada através do álbum-, sobre o fato de não observarmos mais do que nos é exposto, de buscarmos pouco além daquilo que realmente se mostra. Se todo nosso cotidiano fosse aplacado por situações de interpretação de dados, teríamos muita dificuldade em entender o que se passa em nossa frente.
Os cruzamentos de informação que há trazem à tona o jogo de possibilidades que podemos tratar no decorrer de uma vida inteira. Vemos diversas sinalizações sobre o que devemos fazer, para onde devemos nos curvar, de que forma podemos agir: o problema é que dificilmente precisamos uma conclusão. Mais: que seja coerente. Nossos atos são tão sujeitos à mutabilidade - seja por fatores psicossociais, econômicos ou culturais - que a sequência de pensamentos não faz com que fiquemos presos a um só ideal. O pensamento voa. O tempo voa. A causa de uma situação, num momento, passa a ser inexplicável em outro. Assim, a agonia se instala. Uma agonia translúcida, vinda de um raio dimensional tão distante a ponto de não identificarmos os porquês de estarmos assim. A nulidade prepondera, mas o sonho se mantém firme e constante.
Todos temos alguma noção sobre as diferenças entre o bem e o mal. O problema é sequer pararmos para identificar quando isso realmente ocorre. O pedido de desculpas inesperado, a falta de ação diante de uma conclusão, a discussão sobre um tema acabado. Se não questionamos, não podemos esperar algo diferente de quem nos ouve ou nos lê. A agonia se torna fantasmagórica, pois, assim, nunca se saberá o que realmente foi dito ou se quisera dizer, nem a quilômetros de distância.

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