5 de julho de 2010

Como fazer adolescente ler?

Postado por O Livreiro em 22 de junho, às 11:55 em Amigos  |  Comentários (26)




Por Pedro Jansen*

Foto por Vanessa Ivonne, no Flickr
Foto por Vanessa Ivonne, no Flickr

Esse texto provavelmente vai fazer você bater na testa e dizer “nossa, e pensar que um dia eu não gostei de ler…” e então você vai se ver imberbe ou ainda sem ter pintado o cabelo, colecionando figurinhas, brincando de roda, de bola, “Comandos em Ação” ou vendo qualquer coisa na TV…
Você, um primo, um amigo [ou todos vocês juntos e mais gente ainda] já passaram pela época em que ler significava estudo e que estudo era uma coisa chata às pampas e, bem, infância não combina muito com chatice. Aí te mostraram um gibi aqui, um Monteiro Lobato acolá, a Coleção Vagalume do seu irmão vacilava na estante do quarto… E “plim” [perdão pela onomatopéia tosca], você começava a encarar leituras maiores, enredos mais intricados, mais personagens… E nessa época [vamos colocar aí que todo mundo que tá lendo esse texto nasceu da década de 80 pra trás...] se você não lia, você ouvia música, ou via um filme. Jogar video game era algo bem distante, jogadores de RPG eram intocáveis por sua excentricidade.
Livros da Coleção Vagalume
Livros da Coleção Vagalume

Agora corte. Comece a tracejar uma linha que te guia de meados dos anos 90 até hoje. Pense especialmente na gurizada que nasceu na virada do século e que hoje tem PS3, XBOX 360, Wii, PSP, Nintendo DS e milhares de maneiras diferentes de exercer sua imaginação, conduzir personagens, encadear histórias. E a leitura, que antes era a grande maneira encontrada para exercitar o imaginário, para conhecer novas palavras, para tomar gosto de ler aqueles capítulos imensos do livro de história… tudo se foi.
Nesse momento, pais e mestres mais quadradinhos podem até regojizar: “nós tanto falamos que essa história de videogame não podia ser boa coisa…”. Vamos com calma, né? Os atrativos hoje podem até ser infinitos e embora mais complexos, são mais recompensadores. Um jogo que precisa de 70h para ser finalizado, em que você pode controlar mais de 20 personagens em diferentes ações tende a ter mais apelo que um livro, cuja a história é imutável, “imexível”, estática, encerrada em si.
Qual a solução? As mesmas de antes: material atrativo, que converse com a realidade da gurizada e que não seja mala. Exemplos? Harry Potter mais uma vez é um. Scott Pilgrim é outro. Turma da Mônica Jovem? Mais um. A série de Percy Jackson? Sim. Pense nos símbolos e, principalmente, entenda o discurso. Fantasia, heroísmo e humor vão sempre ter espaço entre os jovens. Pode apostar. :)
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Pedro Jansen é piauiense radicado em São Paulo, jornalista, autor do livro “Deus Ex Machina – Quando o Rock Teresinense Nasceu do Nada” e blogueiro desde 2001. Foi repórter do jornal O DIA – PI e da revista VIP, da editora ABRIL. Foi também editor do Yahoo! Posts e atualmente trabalha na Revista da Livraria Cultura.

Um comentário:

  1. Bah, 'Enigma na televisão', da coleção vagalume, foi o primeiro livro que eu li, quando tinha 10 anos. Quando vi a imagem acima lembrei na hora do livro. Lembro da história até hoje! Só não lembro quem era o assassino, hahaha! Acho que isso é um bom motivo pra reler ele...
    =P

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